Thursday, January 17, 2013

Vendendo clientes



Outro dia escutei na rádio BBC de Berlim um comentário sensacional sobre a filosofia de trabalho do nosso amigo Livro das Caras: que o único produto desta empresa são seus "usuários". Achei ótima, porque ela me fez pensar em muitas coisas. Por exemplo comecei a perguntar-me, por que, ao traduzir a frase:
"whose only product are the users", para "users" eu tenho que pensar em "clientes"? Jà pensou? Ser cliente e...PRODUTO!, ao mesmo tempo? Genial, não é? Tenho que tirar o chapéu para a estratégia. Porém, por mais cheio de êxitos que seja o nosso amigo Pão de Açácar, algo me incomoda. 
Para completar, quando contei esta história da BBC para uma amiga minha, ela lembrou-se na hora de outra afirmação a respeito do Livro das Caras, uma suposição não sei de quem (juro!), um tanto polêmica e radical. O autor discorre sobre sua tese, em que poderia imaginar qualquer pessoa ligado ao livro das caras no papel de colaborador da polícia secreta da antiga DDR. Hmmm...Todos? Com certeza não, e eu não consigo concordar com esta generalização extrema, mas com certeza eu acredito é na naividade de milhões de pessoas que estão vivendo (ainda) o boom da nova era, a das redes, da realização concreta da Aldeia Global de Huxley...SE todo mundo colaborar!
Colabore com a nossa pequena grande cidade, cheia de bairrinhos e mais cheia ainda de bairrismos, que eu inclusive adoro, mas não quando o bairrismo do lado é buuu. E neste sentido, não penso que o Livro das Caras influencie diretamente o bairrismo, e sim, que o bairrismo acontece no Livro, assim como na realidade. É claro, recebe novas formas, novos formatos, acontece em esquemas nunca dantes navegados, mas continua o mesmo bairrismo, com suas vantagens, desvantagens, ou nenhuma das anteriores. 
Por outro lado, tudo o que se refere a diferenças comportamentais em anos de livro das caras ainda é um campo jovem. O efeito desta estrutura multimídia ainda está para ser sentido, à medida que o tempo passa, mas o que mais me assusta: à medida que o livro vai ficando espesso, à medida que milhões de pessoas estejam conectadas, é que estas conexões estejam sendo concebidas por uma pessoa só: o Marquinhos Pão de Açácar. 
Eu disse concebidas, e pensei também na palavra "coordenadas". Acho que é aí que mora o perigo. Na verdade, na verdade, o Pão de Açácar não coordena diretamente as conexões, senão seria muito fácil acusá-lo de espionagem. Não, er ist doch nicht blöd, ele é um elegante autor de softwares. Sua estratégia é sutil, ele convence lentamente, leeeenta, len-ta-men-te, esperando sempre pescar alguém que tenha sucumbido à insistência. À insistência direta e ao seu efeito subliminar, que tem significados múltiplos.
Mas deixemos a insistência para outro dia e aprofundemo-nos na teoria sobre clientes-produto do site Makeuseof


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