Servindo da mesma forma a djs profissionais e a modestos colecionadores de discos, a plataforma incorpora e formata playlists, mostrando os créditos (música/texto/arranjo/versão, etc) no momento em que estão tocando. Assim, quem postou ganha fama por seu gosto musical, o público sabe o que está ouvindo, e o melhor de tudo, o artista postado recebe royalties. Justo e correto.
Berliner Geschichten
Olhos, ouvidos e sensações brasileiras descontínuas em Berlim - Brasilianische Augen, Ohren und diskontinuierliche Sinne in Berlin
Monday, July 20, 2015
Mixcloud - Mixtape Portal
O fenômeno mixtape (emoções musicais selecionadas em uma fita cassete) tem seu lugar na internet no mixcloud.
Servindo da mesma forma a djs profissionais e a modestos colecionadores de discos, a plataforma incorpora e formata playlists, mostrando os créditos (música/texto/arranjo/versão, etc) no momento em que estão tocando. Assim, quem postou ganha fama por seu gosto musical, o público sabe o que está ouvindo, e o melhor de tudo, o artista postado recebe royalties. Justo e correto.
Servindo da mesma forma a djs profissionais e a modestos colecionadores de discos, a plataforma incorpora e formata playlists, mostrando os créditos (música/texto/arranjo/versão, etc) no momento em que estão tocando. Assim, quem postou ganha fama por seu gosto musical, o público sabe o que está ouvindo, e o melhor de tudo, o artista postado recebe royalties. Justo e correto.
Você tomaria? - A Europa em preços
Sunday, May 11, 2014
O assassinato de Mona
Monas
Mörder
Eine
Spurensuche in Mexiko
von
Ellen Häring
A autora Ellen Häring relata sua busca
por explicações para o assassinato da amiga Mona e seu marido
Arnello em um povoado perto da cidade de Puebla, chamado Tehuitzingo,
no México. Ao longo da reportagem, o ouvinte toma conhecimento das
circunstâncias em que vive a região. O assassinato duplo foi
investigado de maneira relapsa, porque os policiais encarregados do
caso (3 no total para uma população de 5,5 milhões de habitantes)
não só estavam sobrecarregados, como temem pela própria vida. Na
cena do crime, as pistas foram apagadas ou destruídas. O retrato
falado feito com base no depoimento da única testemunha, coincide
exatamente com o rosto do chefe de um bando que lida com tráfico de
drogas e de armas em uma espécie de "povoado artificial".
Aparentemente, o terreno do marido de Mona estava impedindo a
passagem dos carregamentos para os depósitos e locais de venda deste
povoado. A testemunha foi chamada à delegacia para identificar os
culpados: sem parede espelhada, sem proteção alguma. Lá mesmo, foi
ameaçado pelo suposto assassino, cujo relacionamento com o chefe de
polícia pareceu muito amigável. A partir de então, o garoto de 24
anos e pai de dois filhos "esqueceu-se" de tudo o que viu.
O advogado mexicano fala da dificuldade que é investigar mais um
crime em que fica óbvio o envolvimento entre traficantes e a
polícia.
A promotoria alemã também desistiu de
se aprofundar nas investigações: o pedido da enviada ao México
para que se oferecesse uma recompensa foi negado pelo governo em
Berlim.
A repórter era amiga pessoal da
vítima. Há 30 anos elas viajaram juntas pela primeira vez ao
México. Mais tarde, ambas casaram com mexicanos. Mona mantinha
também um consultório de terapia alternativa em Berlim. A viagem em
busca de pistas marcou a vida da autora Ellen Häring.
Links de viés:
Celebração do centenário da
Revolução Mexicana: 14 de março de 1909, quando eleições direta
foram introduzidas no país.
Tuesday, October 29, 2013
ABRACADABRA
Anunciando Halloween, Abracadabra é o
novo longa de Lucile Desamory, com a atuação sonora de
Nicholas Bussmann. A premiére para convidados foi ontem 28.10.30 no
Cinema Paris em Berlim.
Nicholas Bussmann und Lucile Desamory no Cinema Paris - 2013©Laura Mello |
Um filme sobre o que? Um filme de
suspense, com certeza. Começa com Grusel (Horror), a tensão vai
aumentando, até chegar a um ponto, e dele não sair mais. Alguns
sustos inofensivos, pois se repetem, e no fim, já os conhecemos,
embora ainda não saibamos qual a sua origem.
Uma solução para o mistério não há.
Só a constante tensão e o som, o sound design, a música, todos
eles formam um elemento sonoro só, com um papel tão essencial
quanto as imagens. Afinal, se não se pode identificar a história,
então pelo menos as personagens da narrativa: imagens - em cenário
cuidadosamente produzido - e o som, transmitido na sala através do
sistema Dolby Surround 7.1 do Cinema Paris.
Neste sentido, os atores são quase
parte do cenário, quase elementos de efeito, par a par com o ruído
do vento ou dos pássaros pernaltas da paisagem belga. Pouco falam:
interagem entre si e até mesmo com os alto-falantes dentro do
cinema. "É som? De onde...?" - soa dentro da cabeça da
personagem principal enquanto seu olhar circunda a sala, as paredes
pintadas de nuvens.
O filme de Lucile Desamory é uma
obra-prima de intermídia: nele, as linguagens visual e sonora
"conversam", repetição e recursividade são os recursos
utilizados pelos autores para familiarizar o público aos poucos com
os elementos do filme. Longas passagens em plano aberto anunciam
temas visuais a serem explorados no cenário. Sequências narrativas
são apresentadas utilizando-se apenas recursos sonoros, e repetidas
à exaustão, mesmo quando não fazem o menor sentido cronológico, e
então é a vez das imagens repetirem-se, completando ligações
nunca dantes esperadas.
O espectador vai aos poucos abandonando
a idéia de tempo cronológico, e quem se liberta flutua na
profundidade das paisagens, deixando-se levar pelas orelhas,
descontinuamente, através dos inúmeros corredores e quartos da
antiga mansão onde foi filmado.
O som extremamente presente, que parece
um erro de mixagem no início do filme, cumpre sua função de arauto, mostrando ao espectador que o som está aí sim e como!
Através da utilização refinada e econômica da projeção sonora
em Dolby Surround, até mesmo a sala de cinema acaba sendo envolvida
na obra. E durante os letreiros, como tema final do filme, a
autora-cantora-cenografista enuncia a pergunta-resposta ao início deste post "Why should we name
it?"
Saturday, October 19, 2013
VIVA CITY BRASIL no Roter Salon
Laura Mello e Paulo Lins no vermelho! |
A noite de ontem foi cheia de surpresas
no Roter Salon: Paulo Lins, Ricardo Domeneck, André Sant'Anna e João
Paulo Cuenca apresentaram trechos de suas obras no evento chamado:
Viva City Brasil , autores de língua solta, TEXTE - MUSIK -
PERFORMANCE. O título não é em vão, pois o formato escolhido
situou-se mesmo entre leitura, leitura cênica e performance, com a
participação dos atores Fernanda Farah e Roland Schroll.
André Sant´Anna
Meu predileto foi André Sant´Anna. O estilo do escritor radicado em São Paulo oscila entre a literatura e a música, as palavras fluindo em linhas melódicas, nem música nem idioma, e ao mesmo tempo, ambas as linguagens. Catapultados em série como em "Amor", ou proclamadas cuidadosamente, ironia musical e litária, como em "Vida", os textos de André Sant´Anna tem o poder de refletir, em sua própria estrutura, a contemporaneidade.
Meu predileto foi André Sant´Anna. O estilo do escritor radicado em São Paulo oscila entre a literatura e a música, as palavras fluindo em linhas melódicas, nem música nem idioma, e ao mesmo tempo, ambas as linguagens. Catapultados em série como em "Amor", ou proclamadas cuidadosamente, ironia musical e litária, como em "Vida", os textos de André Sant´Anna tem o poder de refletir, em sua própria estrutura, a contemporaneidade.
Ele
escreve como falamos hoje, o conteúdo é o que vemos e lemos todos
os dias em jornais, televisão ou internet. Seu motor é a repetição,
e eu penso em Andy Warhol, pois ele também repetia insanamente o que
os meios traziam, as marcas, nomes e caras dos out-doors e telonas
americanas. Após ver tantas Marilyns de tantas cores diferentes, o
que fica na memória não é a Marilyn, e sim, a repetição dela.
A leitura de "Amor",
traduzida e interrompida por slides de textos e imagens irônicas, me
fez pensar que talvez André Sant´Anna tivesse assistido televisão
initerruptamente por um mês, salvado toda esta informação em um
disco rígido, para depois cuspi-la de uma vez só, em um formato só
(o livro) segundo um algoritmo que seleciona palavras-chaves e as
reorganiza, repetindo-as, deslocando-as, trocando-as de lugar,
permutando-as, tudo isto em uma sintaxe bem simples. Sim, simples,
sem medo de ser feliz, pois afinal, a simplicidade gramatical
escancara o estado atual dos meios de informação, mas esta
discussão é uma outra.
O que eu queria dizer é que o texto de
André Sant´Anna reflete, na minha opinião, a mídia (impressa e
eletrônica), sem querer absolutamente tomar seu lugar, em um momento
em que ela é celebrada como libertadora ou abridora de portas, o que
é mesmo, mas ao mesmo tempo, liquidifica e transforma tudo em um
suco indiferenciado, onde qualquer palavra cabe em qualquer frase,
onde as palavras-chaves corretas são a alma do negócio.
Você é o que você lê e vê!
Ricardo Domeneck
O princípio da repetição vem à tona na leitura de Ricardo Domeneck, desta vez, em outro sentido. Enquanto para André Sant´Anna as palavras são matéria, meio, para Domeneck, elas são o fim. Elas não constroem, apenas são. Nesta noite, um dos assuntos abordados pelo escritor é a ditadura, um dos períodos brasileiros não esclarecidos, e neste sentido sua obra é louvável, tanto a literária quanto seu trabalho de performance.
O brasileiro não conhece esta situação, que os alemães vivem desde a década de 70 do século passado, quando o governo alemão desculpou-se e começou uma campanha de esclarecimento (Aufarbeitung = superação) do conflito entre a população, formada tanto por algozes quanto por vítimas do holocausto. Na prática, a Alemanha assumiu o erro, desculpou-se, e trabalha até hoje contra a ideologia nazista. Esta atitude, que o Chile acabou de vivenciar, o governo brasileiro ainda está nos devendo. E quanto mais artistas se dispuserem a abordar o tema, melhor.
Ricardo Domeneck
O princípio da repetição vem à tona na leitura de Ricardo Domeneck, desta vez, em outro sentido. Enquanto para André Sant´Anna as palavras são matéria, meio, para Domeneck, elas são o fim. Elas não constroem, apenas são. Nesta noite, um dos assuntos abordados pelo escritor é a ditadura, um dos períodos brasileiros não esclarecidos, e neste sentido sua obra é louvável, tanto a literária quanto seu trabalho de performance.
O brasileiro não conhece esta situação, que os alemães vivem desde a década de 70 do século passado, quando o governo alemão desculpou-se e começou uma campanha de esclarecimento (Aufarbeitung = superação) do conflito entre a população, formada tanto por algozes quanto por vítimas do holocausto. Na prática, a Alemanha assumiu o erro, desculpou-se, e trabalha até hoje contra a ideologia nazista. Esta atitude, que o Chile acabou de vivenciar, o governo brasileiro ainda está nos devendo. E quanto mais artistas se dispuserem a abordar o tema, melhor.
Mesmo assim, existem métodos e
métodos. O approach de Domeneck deixa a desejar, pois não dá espaço
ao leitor, tudo é muito óbvio, previsível e clichê. Trocentos
nomes de vítimas da ditadura são recitados, enquanto faces são
projetadas, sobre uma música de tensão crescente, numa performance
que poderia ter durado tanto 2 como 200 minutos, pois uma vez
apresentado o conteúdo, nada muda, nada se desenvolve, nada evolui.
Seu texto é impregnado de frases conhecidas, em linguagem
pseudo-intelectual, será que ele assistiu minisséries demais?
Na obra de Ricardo Domeneck fica
faltando o algoritmo, a maneira própria de processar a informação:
onde está o artista, qual a sua marca? Ou esta obra é documental? Ritual?
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