Sunday, February 24, 2013

Não vou postar a noite de Berlim no Livro das Caras




4:30 da manhã: sono para alguns, hora de procurar o Absturzlokal mais próximo para outros. 

Janine Eisenächer botando o som am Flutgraben


Voltando da festa da Janine am Flutgraben, à nossa frente na calçada andava um grupo divertido: um cara tocando violão, outras três figuras cantando junto, improvisando. Nos divertimos com quem passava na direção contrária pelas quatro pessoas e nos olhava rindo, enquanto nos sentíamos levadas pela ginga do violonista. Mantivemos uma distância até a estação Schlesisches Tor, quando eles pararam na calçada e entraram em êxtase, da improvisação já fazendo parte gritos de guerra contra o frio que reinava. 
Foi quando comecei a filmar a cena (uma música na cabeça e uma câmera na mão). Demorou um pouco, mas o violonista me pegou apontando minha lente para seus amigos: sem parar de tocar, ele esperou o momento musical perfeito para introduzir a frase: "You can post it on facebook if you want". E continuaram cantando, esperando o metrô chegar.

O festerê chegou ao fim e nos apresentamos (duas Lauras brasileiras) conversamos um pouco até que subimos as escadas na direção da plataforma, que estava cheia, como em todas as noites de finais de semana em Berlim. O tempo passou, o trem chegou, também lotado, escolhemos um vagão mais vazio e entramos. A porta estava quase fechando quando irromperam no trem os quatro cantores, que se alegraram ao ver-nos e continuaram com o êxtase musical ("Brasil, oh Brasil"), no violão uns acordes pouco pretensiosos da Garota de Ipanema: ele não parecia ter esperanças de que seria acompanhado com letra completa. De uma introdução à outra, o violonista de memória musical refinada começou a cantar o riff do Benjor, que foi regravado em nova versão por Sergio Mendes featuring Black Eyed Peas na canção oficial da Copa do Mundo na Alemanha. O som do Black Eyed Peas hoje (em hits como o novo Scream and Shout) soa super sintética e bem pouco gingada, com melodias melodyne dominando a topografia tonal, ou seja, nada a ver com a versão do Mas que nada. Desde então, todo mundo canta junto quando alguém começa o riff jorgebenjeano terminado em "obá, obá, obá", alguém aí tem dúvida sobre o que estou falando? Então googleia Black Eyed Peas Mas que Nada pra ver. 
Voltando ao nosso episódio em Kreuzberg, o violonista em questão sabia a versão original, e eu soltei a voz e cantei as estrofes do Mas que Nada original, em mais uma improvisação espontânea - comum ao transporte público noturno de fim de semana berlinense - para toda a população do vagão. Na hora do refrão, a noite chegou ao seu ápice:  TODO MUNDO conhecia o
oooooooooooooooooooooo oooooooooo aiaaaaaaaa iaiooooooo obá obá obá, e assim, O VAGÃO INTEIRO cantou junto até chegarmos no Kottbusser Tor! Deu até pena de sair do trem...
Não posto no Livro das Caras, mas no meu blog mesmo, aqui vai o começo da cena:


E aqui uma versão das antigas da época em que o Ben ainda vinha depois do Jorge:





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